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Ainda California: Carmel, Monterrey, Highway 1

14 de agosto de 2011

Depois de São Francisco, fomos a Carmel (Carmel by the sea), uma cidade onde nada está fora do lugar. Clint Eastwood foi prefeito lá e isso é o que mais se ouve quando se ouve falar de Carmel. As vitrines das lojas são lindas, objetos bonitos são dispostos de maneira muito organizada, sob iluminação adequada. Não há prédios, só casas com jardins coloridos, bem aparados. A praia parece selvagem, mas está ali no seu lugar, tranquila. Pena que não estava sol.
Em Carmel há muitos cafés e em um deles comi, pela primeira vez na vida, carrot cake. Foi engraçado porque eu tinha visto na internet um vídeo na TV UOL ensinando a fazer essa torta e aí eu vi e quis logo provar . É uma delícia, mesmo. Jantamos em dois restaurantes legais: Grassing’s e Nico Ristorante.
Fomos super bem recebidos nos dois. Nos EUA os garcons são super adequados ao estilo do lugar. Eles devem ter recursos humanos muito bem preparados para selecionar o pessoal. Cada restaurante tem o garçom perfeito pra ele: contido, se o lugar é mais formal; alegre, se é para crianças, ou se a comida é leve. E assim vai.
Carmel é muito perto de Monterey, onde está um aquário super mencionado nos guias de viagem. É bacana, mas não achei assim espetacular. Em São Francisco, já havíamos visto um aquário bonito na California Academy o Sciences (http://www.calacademy.org ), então não nos espantamos com o de Monterrey. O que nos agradou em Monterey foi o almoço no Bubba Gump, o restaurante do Forrest Gump. Vimos ali pela primeira vez, mas há deles em muitos lugares (http://www.bubbagump.com/locations). É prático, rápido, eficiente, os camarões são gostosos. As sobremesas são imensas. Uma de sorvete sobre um cookie gigante e macio é das melhores que experimentei.
As comidas chamam atenção nas viagens. Os momentos em que paramos de nos movimentar, em nos sentamos à mesa e descansamos para conversar e saborear são dos melhores. E os garçons são as pessoas com quem falamos sempre, se não temos amigos ou conhecidos. E os americanos fazem tudo para que nos sintamos bem. Se eles estão interessados na parte que lhes cabe no tanto que gastamos, não importa. É horrível chegar em um restaurante e ficar esperando horas para ser atendido, desconfiando se o serviço é ruim ou se eles estão nos discriminando por qualquer motivo. Isso não acontece nos Estados Unidos.
Encontramos nosso hotel no Hoteis.com. Pagamos adiantado, pela internet, e deu tudo certo. O hotel é acolhedor, com wireless free no apartamento, tem uma salinha, uma pequena cozinha, quarto e banheiro. O problema era que o banheiro tinha duas portas e ficava entre o quarto e a sala. Quem estava na sala não podia passar para o quarto sem passar antes pelo banheiro. Tudo o mais era confortável. O hotel chama-se Wayside Inn. Não é bem hotel, é um Inn, daqueles em que não há lobby ou áreas comuns.
De Carmel fomos, pela Highway 1, passando por Big Sur, até Santa Barbara. A viagem durou 1 dia, chegamos lá no fim do dia. Em Big Sur paramos, para o almoço, em um restaurante super famoso, Nepenthe, parecido um pouco como o Recanto Santa Bárbara, na Rodovia Tamoios, estrada que vai para Ubatuba. O garçom era muito falante, falava tudo como se estivesse dando aula, discursando. Um cara alto, interessado em falar sobre tudo com um tom sabido. Ele deu pra gente um menu comemorativo do aniversário do restaurante, com os pratos servidos na época. A comida é estilo natural, saudável.
Na estrada foi tudo bem. Poderíamos ter parado nas cabanas de Big Sur, visto lobos ou elefantes marinhos, poderíamos ter visto o Hearst Castle, mas não quisemos, queríamos chegar. A estrada é bonita. Mas não sei… gosto mais de estar nas cidades, e não de ir até elas. Cada um tem sua percepção específica dos lugares e, embora a estrada seja linda e tudo o mais, não me tocou tanto. E chegamos em Santa Barbara, em um hotel pequeno reservado pela internet, muito diminuto e longe da praia. Mas as donas – não sei se eram donas ou não – eram muito simpáticas, prestativas, quase amorosas. O hotel chama-se Agave Inn. O quarto era ótimo, grande, espaçoso, decorado com bom gosto. Mas o lugar era tão esquisitamente solitário e longe da praia que não deu vontade de ficar. Santa Barbara me pareceu um Guarujá, ou Santos. Não tive a menor curiosidade de conhecer e constatei que eu gosto mesmo é das cidades grandes.

São Francisco

3 de agosto de 2011

Quando a gente chega em uma cidade estrangeira, fica meio que patinando no gelo. Tenho uma sensação deslocamento nesse primeiro momento de trânsito. É uma bobagem essa instabilidade, as pessoas são todas muito parecidas em todo e qualquer lugar. O frio na barriga só diminui quando chego ao quarto do hotel e o quarto é bom. Quando eu uso o cartão de crédito pela primeira vez e ele funciona, também fico mais tranquila.
Em São Francisco, a impressão inicial foi boa, porque o aeroporto é bonito e já não precisávamos fazer alfândega, resolvida em Dallas. Em Dallas também passamos por revistas pessoais e de bagagem de mão antes embarcarmos. Eles são bem treinados e conduzem as coisas de um jeito muito prático, quando a gente menos espera já tirou sapato, passou pelo raio x e tudo bem. Alguns passam por aquele scanner de corpo, mas não todos. Eles selecionam por sexo, idade, estilo, eu acho. Eu não passei pelo scanner, ainda bem.
As lojas de aluguel de carro não ficam no mesmo setor, é preciso pegar um trenzinho para ir até lá. É um pouco chato isso, mas é rápido.
Estou mudando um pouco a ordem das coisas na narrativa, mas tudo bem. Tive vontade de falar sobre os primeiros estranhamentos em um país estrangeiro.
Em São Francisco fomos à City Lights (www.citylights.com), livraria e editora com lugar marcado no debate de ideias que, na década de 50, abriram espaço para a geração beat. Fica perto do Zoetrope. Lawrence Ferlinghetti e Peter D. Martins fundaram a livraria em 1953 e ela passou a ser ponto de encontro literário. A editora publicou Howl and other poems, de Allen Ginsberg. Ferlinghetti e o gerente da editora foram processados por publicarem material obsceno.
A livraria tem um andar meio que em um porão, um subsolo, onde ficam livros diversos. No andar em que se entra, térreo, estão livros sobre a cidade, movimento beat, geração beat, revistas especializadas em literatura, poesia. O espaço não é grande, mas tem muitos livros bacanas. O problema é que a gente precisa deixar a bolsa na entrada, com o menino que fica no balcão, e eles não têm armários com chaves, então é chato, não dá vontade de ficar um tempão lá com medo do furto de passaporte, bolsa, dinheiro, carteira. Mas mesmo preocupada consegui escolher alguns livros que parecem ser ótimos: 1)- White hand Society: The Psychodelic Partnership of Thimoty Leary and Allen Ginsberg; 2)- Bob Dylan in America; 3)- Reclaiming San Francisco: History, politics, culture.
Depois, ainda naquela tarde, fomos ao SFMOMA. Chegamos quase na hora de fechar, faltava uma hora e pouco, na verdade. Mas entramos assim mesmo. Só que me decepcionei, porque acabamos comprando ingresso para a exposição geral e não entramos na exposição com obras da Gertrude Stein (The Steins Collect: Matisse, Picasso and the Parisian Avant-Garde). Aí não vimos Picasso e outras maravilhas. Mas deu pra ver Andy Warhol. E na loja do museu comprei dois livros sobre escrita: Maps of imagination: the writer as a cartographer e The creativity book. O último dá muitas dicas para a escrita, entre elas uma biografia com 2.500 palavras.