Archive for fevereiro \28\America/Sao_Paulo 2016

Hitchcock, Allan Poe e Lou Reed

28 de fevereiro de 2016

 

Cary Grant e Brigitte Auber em Ladrão de Casaca, de Hitchcock

Cary Grant e Brigitte Auber em Ladrão de Casaca, de Hitchcock

 

Sou uma escritora curiosa. Agora estou fazendo dois cursos: na Casa Guilherme de Almeida com Donny Correia e Flávio Ricardo Vassoler sobre Hitchcock e Edgar Allan Poe e Ficções, com Cadão Volpato.

Na Casa Guilherme de Almeida assistimos a filmes de Hitchcock na sala Cinematographos (A tortura do silêncio, Festim diabólico e Psicose).

Eu me inscrevi no curso sobre Hitchcock e Poe para saber mais sobre o suspense na narrativa. No fim não aplico nada de maneira consciente na minha escrita, mas acho que tudo fica.

A oficina com Cadão está valendo. No primeiro dia ouvimos a canção Perfect day do Lou Reed e o exercício era um texto sobre um dia perfeito. Todos escreveram textos muito bons.

Tenho um livro com letras do Lou Reed (Pass thru fire: The collected Lyrics) que comprei uma vez na Livraria da Vila e estava meio amassado, acho que ficou anos lá e outros anos aqui na minha estante.

Todo livro tem seu dia de rei, aquele primeiro dia em que realmente diz alguma coisa importante para um certo leitor. Eu olhava sempre para o livro e pensava, preciso ver e ler direito o que tem nele. E  abro esse livro e tenho a maior surpresa. A canção Perfect day está no disco The raven, cujo tema central é Edgar Allan Poe. É uma versão nova e diferente, porque a primeira versão está em Transformer.

Não é uma coincidência que a canção que lemos e ouvimos e nos inspirou a escrever na aula esteja em um disco sobre outro autor que também estudo agora, Edgar Allan Poe, que escreveu um ensaio, A Filosofia da composição, que tenho lido e relido? E os dois cursos não estavam ligados e ficaram muito ligados de repente.

A versão de Perfect day em The raven de Lou Reed é bem diferente da que ouvimos na aula (Em The raven há a participação de Antony Hegarty). É bem mais sombria. Porque toda perfeição tem um lado meio sombrio, foi o que conversamos, foi mais ou menos o que o Cadão lembrou.

P.S.

Fui à inauguração da sala Cinematographos e passaram um filme maravilhoso que eu não conhecia, de 1929: São Paulo, sinfonia da metrópole, de Rudolf Lustig e Adalberto Kemeny. Lívio Tragtenberg fez ao vivo a trilha sonora. Que bom que eu vi. O filme poderia ter sido feito agora (na forma, porque é tudo meio fragmentado) e achei interessante filmarem a prisão em São Paulo naquela época (bem diferente das prisões de hoje). Tudo no filme faz pensar. Vi que está no youtube (uma cópia muito antiga, acho, não restaurada).