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Tango e sarau na Virada Cultural

17 de abril de 2011

Este ano a Virada Cultural, pra mim, foi bem tranquila: sábado e domingo no Museu da Casa Brasileira. Sábado à noite, tango, três conjuntos: Café Tango,  Jogando Tango e De Puro Guapos.  Noite fresca,  casa cheia, mas não lotada, casais dançavam tango em um tablado no jardim. Uma delícia, o jantar. Voltei hoje de manhã para assistir o sarau modernista. Sentei em uma cadeira lateral sozinha, às vezes olhando o palco, às vezes olhando o jardim, às vezes só ouvindo a música. Os estudos de Villa Lobos ao violão estavam lindos. Pensei que a leitura dos modernistas  me cansaria, mas não. Textos lidos eram curtos e a leitora tinha uma voz de amável intensidade.

Daniel Kehlmann, Michel Laub e tirashi no Sushi Guen

17 de abril de 2011

Estava achando chato Fama, de Daniel Kehlmann. Parei, li Longe da Água, de Michel Laub (Companhia das Letras, 2004) e resolvi dar outra chance ao livro (Fama, D. Kehlmann).

O romance  lida com a possibilidade de transformação e de alteridade. Todo mundo pensa em ser outra pessoa, em mudar de personalidade, de corpo, de mente, de amigos, de família. O tema é super atual; na biologia, na psicologia, na psicanálise, estuda-se o tanto que o cérebro e sua química são importantes para a formação da consciência  (livro não fala em química, eu é que fiz a associação).

A literatura reflete sobre a separação entre corpo e mente, entre tempo e espaço, todo o tempo. O  escritor nada mais faz do que entrar em mundos diversos e leva o leitor com ele, para o mundo imaginário de cada um (não necessariamente o mesmo).

Gosto do Sushi Guen da  Brigadeiro Luis Antonio na hora do almoço. Sento no balcão, como um tirashi, leio um livro. O livro do dia era Longe da Água. Fiquei totalmente envolvida com o texto e com o tom da escritura, leve, mas denso. Duvidei um pouco do jeito como terminou, destoou um pouco da naturalidade do caminho inicial. Poderia ter terminado antes, ou terminado de outro jeito. Mesmo assim, o livro é muito bom.

Lendo pela metade

11 de abril de 2011

Sou fã da literatura alemã, de Thomas Mann a Ingo Schulze e Günter Grass, Peter Handke, e tudo o mais. E não conhecia Daniel Kehlmann, comprei por acaso Fama: um romance em  nove histórias, publicado pela Companhia das Letras recentemente. O livro é fino, 159 páginas. Estou impressionada com o estilo seco que mostra as cenas com realismo e permitindo, ao mesmo tempo, a fantasia. As nove histórias se entrelaçam, parece, mas só li as três primeiras: quero terminar logo. Li na orelha do livro que Daniel Kehlmann nasceu em 75 e a Companhia das Letras já publicou, dele, A medida do mundo, que vou comprar amanhã. Há uns vídeos dele na internet, ele tem energia, fala com força. Aliás, falando em vídeos de escritores falando sobre literatura, etc, vale ver os de Alan Pauls na internet. Ele não é só handsome, mas sério, compenetrado, analítico. Procurando na internet, encontrei entrevista dele em um programa jornalístico alemão, onde está link, também, para Günter Grass. Quem quiser ouvir alemão e espanhol em mesmo espaço e tempo, dito e traduzido, é só acessar: http://video.zeit.de/video/627200367001.

Bom, parei de escrever e voltei aqui, logo confessando que  deixei  o livro do Kehlmann. Comecei super bem intencionada, mas em uma das histórias, sobre a senhora  doente que  segue para a Suíça para morrer, fiquei confusa e quis parar. Tem uma técnica interessante na história, o escritor e narrador acaba tendo uma voz como responsável pelos acontecimentos, ele aparece do fundo do palco, abre a cortina e fala com a personagem; ela fala com ele, é o criador, afinal. Isso é divertido. Mas aí o rumo da trama muda e tudo fica um pouco desinteressante e eu parei de ler. Não gosto de parar de ler livros na metade, mas se não aguento continuar eu paro, eu leio porque gosto e não por obrigação. Li os três livros do Stieg Larsson da série Millennium, mas no terceiro pulei um monte de páginas e fui para o final. Fiquei sem paciência e quis ver como terminava. Achei que valeu, gostei muito dos livros, mas o terceiro é um pouco enrolado. Mas sobre o Kehlmann, sou uma leitora que se entedia com facilidade, não se influencie, o escritor é muito bom e o livro só tem 159 páginas.