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O gol solitário

18 de julho de 2014

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Rio de Janeiro, Paris, Londres, Nova York, Roma, são cidades acostumadas a receber estrangeiros. São Paulo não é turística. Mas há lugares lindos e interessantes por aqui: parques, museus, restaurantes, centros de cultura. Quem passa ou fica, gosta. A metrópole, sem alarde, tem boa vontade com as visitas. Aos poucos, incorpora o outro.

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O Mundial de junho, em 2014, alterou rotinas. No Metrô, as estações eram anunciadas também em inglês. Na Avenida Paulista, uma figura ficta do Neymar, de papelão, talvez, aparecia de pé, perto da banca de jornal, em tamanho real, fazendo propaganda de sorvete.

Um dia, passando, na hora do almoço, vi pessoas sambando na frente de um quiosque chamado “Brasil beyond football”.

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Tinha muita energia no ar. Só que o futebol não deu conta. Alguns jogos e todo mundo murchou. Na partida contra o Chile, a vitória foi difícil: nos pênaltis. Na seguinte, contra a Colômbia, Neymar foi brutalmente ferido: sucumbimos. Sem ele e sem o capitão do time, Thiago Silva (cartão amarelo), perdemos de sete a um para a Alemanha. Aí caímos de vez na real.

A Alemanha ganhou o Campeonato no jogo contra a Argentina. Os alemães vitoriosos dançaram como ensinado pelos índios da Aldeia Pataxó de Coroa Vermelha. Fizeram bonito, foram respeitosos com o Brasil. Mas, chegando ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, alguns deles dançaram a vitória de uma maneira já não tão elegante, principalmente no momento em que se curvavam quando gritavam gaúchos, que é como chamam os argentinos. Os índios que os ensinaram na Bahia não gostariam de ver que eles sabiam uma outra dança.

Mas de tudo fica um pouco, diz Drummond no poema. E nisso, um gol foi salvo.

Quando, na nossa partida contra a Alemanha, em um dos últimos minutos do segundo tempo, tudo estava e continuou perdido, Oscar fez um gol solitário.

Esse gol, o último gol do jogo, é meio amargo.

No entanto, é o gol que fica.