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São Francisco

3 de agosto de 2011

Quando a gente chega em uma cidade estrangeira, fica meio que patinando no gelo. Tenho uma sensação deslocamento nesse primeiro momento de trânsito. É uma bobagem essa instabilidade, as pessoas são todas muito parecidas em todo e qualquer lugar. O frio na barriga só diminui quando chego ao quarto do hotel e o quarto é bom. Quando eu uso o cartão de crédito pela primeira vez e ele funciona, também fico mais tranquila.
Em São Francisco, a impressão inicial foi boa, porque o aeroporto é bonito e já não precisávamos fazer alfândega, resolvida em Dallas. Em Dallas também passamos por revistas pessoais e de bagagem de mão antes embarcarmos. Eles são bem treinados e conduzem as coisas de um jeito muito prático, quando a gente menos espera já tirou sapato, passou pelo raio x e tudo bem. Alguns passam por aquele scanner de corpo, mas não todos. Eles selecionam por sexo, idade, estilo, eu acho. Eu não passei pelo scanner, ainda bem.
As lojas de aluguel de carro não ficam no mesmo setor, é preciso pegar um trenzinho para ir até lá. É um pouco chato isso, mas é rápido.
Estou mudando um pouco a ordem das coisas na narrativa, mas tudo bem. Tive vontade de falar sobre os primeiros estranhamentos em um país estrangeiro.
Em São Francisco fomos à City Lights (www.citylights.com), livraria e editora com lugar marcado no debate de ideias que, na década de 50, abriram espaço para a geração beat. Fica perto do Zoetrope. Lawrence Ferlinghetti e Peter D. Martins fundaram a livraria em 1953 e ela passou a ser ponto de encontro literário. A editora publicou Howl and other poems, de Allen Ginsberg. Ferlinghetti e o gerente da editora foram processados por publicarem material obsceno.
A livraria tem um andar meio que em um porão, um subsolo, onde ficam livros diversos. No andar em que se entra, térreo, estão livros sobre a cidade, movimento beat, geração beat, revistas especializadas em literatura, poesia. O espaço não é grande, mas tem muitos livros bacanas. O problema é que a gente precisa deixar a bolsa na entrada, com o menino que fica no balcão, e eles não têm armários com chaves, então é chato, não dá vontade de ficar um tempão lá com medo do furto de passaporte, bolsa, dinheiro, carteira. Mas mesmo preocupada consegui escolher alguns livros que parecem ser ótimos: 1)- White hand Society: The Psychodelic Partnership of Thimoty Leary and Allen Ginsberg; 2)- Bob Dylan in America; 3)- Reclaiming San Francisco: History, politics, culture.
Depois, ainda naquela tarde, fomos ao SFMOMA. Chegamos quase na hora de fechar, faltava uma hora e pouco, na verdade. Mas entramos assim mesmo. Só que me decepcionei, porque acabamos comprando ingresso para a exposição geral e não entramos na exposição com obras da Gertrude Stein (The Steins Collect: Matisse, Picasso and the Parisian Avant-Garde). Aí não vimos Picasso e outras maravilhas. Mas deu pra ver Andy Warhol. E na loja do museu comprei dois livros sobre escrita: Maps of imagination: the writer as a cartographer e The creativity book. O último dá muitas dicas para a escrita, entre elas uma biografia com 2.500 palavras.

Califórnia em julho

26 de julho de 2011

Estados Unidos. Em um primeiro momento a gente vê que os filmes americanos são reais. O cinema mostra quase tudo.
Depois de um tempo, dá um certo bode, uma chateação ouvir aquela voz artificial dizendo “sure”, ou “ok”, naquela entonação característica. Quando a gente tenta imitar, eles tratam melhor. Há muitas regras e alguns códigos de comportamento, eles são muito diretos. E são necessariamente gentis:”How are you today?” “Have a good day” “Enjoy the rest of your day!” É o tempo todo assim. Às vezes a gente até acredita que é sincero. De qualquer forma, é confortante. Em Los Angeles a cortesia é mais evidente. Depois, no fim da viagem, dá pra ver que muitos cumprimentos são sinceros, muitas pessoas são legais e eles se esforçam para agradar (será melhor se você tiver um ou mais cartões de crédito).
São Francisco é uma cidade bonita, não é muito grande. Tem umas áreas muito bem definidas. Fisherman’s Wharf tem barcos lindos no mar, hotéis (Sheraton, Marriott, Radisson), muitas lojas de eletrônicos para turistas (tudo meio esquisito), o Museu de cera, um gramado lindo de frente para o mar, uns piers para leões marinhos que não estavam lá na hora, frutas lindas pra gente comprar e comer com chocolate no Pier 39.
A loja de chocolates e sorvetes da Ghirardelli tem o melhor sunday do mundo, mas se você por acaso for em um domingo de sol, pode se preparar para um tempo de espera na fila: demora. Mas vale a pena. Eles não pensam duas vezes antes de entrar em uma fila que vale a pena. Ouvi em LA que lá eles ficam em filas por cupcakes.
Ripley’s Believe it or not! é um pequeno museu que mostra objetos, relatos, excentricidades colecionadas por Robert Ripley, um americano jornalista que viajou para muitos lugares distantes quando viajar não era muito fácil. Se você estiver com crianças, é um bom programa. Tive a sensação, naquele museu, do sonho americano, daquela ideia de que tudo é possível, se a gente acreditar e trabalhar pelo que quer. Não sei se é isso, é difícil fugir dos lugares comuns, nessas horas.
Fomos a ótimos restaurantes, em São Francisco. Um amigo nos indicou um vietnamita, The Slanted Door, muito gostoso (http://www.slanteddoor.com) Fica no Embarcadero (Ferry Building), um lugar bonito, perto do mar. Parece que de dia é mais divertido. Ali já deu pra perceber que o serviço, nos restaurantes, é muito gentil e prestativo. Eles são atenciosos.
As pessoas que trabalham, aquelas com quem a gente fala, são amáveis. É que a gratificação pode chegar a 20%, então elas se esforçam pra gente consumir e retribuir o bom atendimento.
São Francisco tem mar e muitas ladeiras. Em um dos dias almoçamos em um restaurante famoso, The Cheesecake Factory, no 8º andar da Macy’s, em Union Square (http://www.thecheesecakefactory.com). Uma moça brasileira trabalha lá e conversamos, foi legal. A comida é gostosa e as tortas, muito melhores. Cheescake de banana, de Browne, todas engordativas. Sentamos no terraço, foi muito bom.
Almoçamos também no Scoma’s (http:// http://www.scomas.com), que fica no Fisherman’s Wharf. O restaurante é tradicional e os pratos com frutos do mar são bons.
Fizemos um City Tour. Em um City Tour a gente tem uma ideia geral da cidade, passa pelos principais pontos. E assim vimos a Golden Gate pela primeira vez. Passamos por Haight Street, que tem um passado hippie muito forte, todo Janis, Grateful Dad, paz e amor. Hoje eles vendem camisetas manchadas, roupas usadas. Mas há lojas de vinil, lá. Voltamos outro dia e comprei 3 discos: trilha sonora de Bound for Glory, Jim Croce e Ry Cooder. Há centenas de discos super legais na loja. Foi a única loja de discos que vi nos Estados Unidos. Essa e uma que ficava na mesma calçada, de disco de vinil, também.
Ainda no City Tour passamos por uma praça onde ficam casas em estilo vitoriano, muito famosas, aparecem em várias fotografias da cidade (http://www.sanfranshuttletours.com/alamo_square.htm). Uma dessas casas foi cenário para aquele filme engraçado, estrelado por Robin Williams: Uma babá quase perfeita (http://www.movie-locations.com/movies/m/mrsdoubtfire.html). Os guias de viagem contam essas coisas, mas a gente só presta atenção lá, ou quando volta.
Tentamos ir ao famoso parque Muir Woods, mas só chegamos até Muir Beach. Muir Woods estava cheio, não encontramos lugar para estacionar o carro. É como ir ao Ibirapuera em um domingo de sol: não é fácil. Aí paramos na Columbus Avenue, almoçamos no Café Zoetrope, do Coppola, com endereço na Kearny St, pertinho da Columbus. Lá foram escritos os roteiros de filmes muito importantes. Foi emocionante almoçar ali, onde, disseram, foi criada a Ceasar Salad, que é muito boa, por sinal, assim como o tiramisu.