De manhã está todo mundo se preparando para o dia, dá pra ver a expectativa no rosto. Na hora do almoço a avenida fica lotada. Pessoas entram e saem dos bares e restaurantes. Há muitos árabes, um deles é melhor, compro esfihas pra levar pra casa.
No fim da tarde tá todo mundo aliviado, o dia de trabalho ou funções terminou.
Há quatro farmácias ou mais entre a Avenida Paulista e a Alameda Ribeirão Preto. Tenho visto muitas farmácias por toda a cidade. E o Supermercado Extra na Brigadeiro é grande demais – nunca vou lá.
Do outro lado da Paulista está a Livraria Martins Fontes, em uma galeria, dividida em três lojas, uma para livros em geral, outra para livros de arte, arquitetura, culinária, outra para livros técnicos de informática. Às vezes encontro um colega perto dos livros de política e filosofia. Quando não escapamos um do outro cumprimentamo-nos constrangidos. Ele e eu parecemos cúmplices no que diz respeito aos livros, mas nunca conversamos.
Na outra galeria ainda, atravessando a rua, está o Sushi Gen, restaurante japonês do Shimizu, que morreu faz um tempo. Acompanho a história do restaurante, agora o filho dele veio do Japão pra cuidar. Quando Shimizu estava vivo eu me sentava no balcão e ficava olhando ele cortar peixes e modelar o arroz, muito concentrado. Fiquei um tempo sem ir e um dia entrei e Shimizu não estava mais. O Sushi Gen continua ótimo.
A Conectas, ONG de direitos humanos, está em um dos edifícios da galeria, e a minha dentista também. Na mesma galeria está o Correio de onde envio meus livros para as pessoas quando tenho tempo, lá a fila é sempre grande.
Voltando ao lado que vai para o centro está a igreja, soberana. Eventualmente entro e rezo um pouco, ou entro e saio, ou penso, ou nada. A igreja é um lugar onde se pode descansar, está sempre fresca.
Do outro lado da rua estão os bares, as tortas doces e velhas expostas nas vitrines, pessoas dormindo na calçada, nunca dá pra ver o rosto, se desse ninguém olharia porque é triste ver. Não dá pra ver o rosto porque elas se cobrem bem.
Quando caminho a pé pela Avenida Paulista para o Conjunto Nacional passo pela Gazeta, pelo cinema, pelo teatro. Aos poucos a cena muda, as pessoas não dormem mais na rua, só vendem coisas diversas, cachecóis ou colares ou pinturas. E há muitas bancas de jornal que vendem de tudo, até jornal. E filmes de DVD. E livros.
Sempre trabalhei no Centro, então a Brigadeiro pra mim é muito familiar, consigo quase meditar ali. É um estar e não estar, o pensamento em um lugar e os pés no chão. Depois de um tempo fico invisível: preciso desses intervalos.
Tags: Brigadeiro Luiz Antônio
21 de novembro de 2019 às 11:56 |
Gosto desse olhar observador, reflexivo e empático
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17 de maio de 2020 às 21:04 |
Obrigada, beijos!
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24 de fevereiro de 2020 às 3:25 |
bela leitura dos ambientes paulistanos. poesia
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25 de fevereiro de 2020 às 1:29 |
Obrigada!
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