Terminei de ler Dublinesca. É muito bom, nem precisaria dizer. Quem gosta de ler sobre literatura, gosta de Vila-Matas, pois ele faz, da literatura, também, a sua ficção.
Literatura e religião mudam a vida das pessoas. Podem mudar. Em Dublinesca, a mulher de Samuel Riba, Celia, torna-se budista e isso interfere no relacionamento deles, assim como a bebida: beber ou parar de beber. Em um casamento de anos, pequeno desvio de rumo na vida de um, aparentemente insignificante, altera tudo.
Lendo o romance, tenho vontade de levar Ulysses, de Joyce, a sério. Ou não. Ninguém deve se sentir obrigado a ler coisa alguma. Fiquei com vontade de ler Ulysses.
Fiquei com vontade de ler Beckett, também, outro autor que está dentro de Dublinesca, talvez até mais inserido que Joyce, já que o editor sonha em encontrar o grande autor, parece que essa é a expectativa de todos os editores. Mas como saber quem é o grande autor? O grande autor é Proust ou J. K. Rowling? Ou Paulo Coelho? Ou Joyce? Para um bom editor, o que é o grande autor?
Há momentos tocantes no livro, que deixam a literatura para trás, tratam de gente. Um deles é o abraço de Riba e Célia, na página 291: “Foi um abraço no centro do mundo”.
O livro é um caleidoscópio e gostaria de dizer muito mais. Mas não posso, cada leitor o lerá de um jeito, o livro é aberto e preciso respeitar outros companheiros e guardar, só para mim, as impressões fugidias da literatura. Mas encontrei um bom texto na internet, publicado no Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2011/06/25/resenha-dublinesca-de-enrique-vila-matas-3/