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Domingo no Masp: Degas

17 de janeiro de 2021

É a segunda vez que visito o Masp desde março, quando começamos a andar de máscara, depois da pandemia.

Nas duas vezes estava quase vazio, seguro. As salas são muito espaçosas e todas as pessoas respeitam o distanciamento.

A exposição de Degas, com ênfase nas esculturas, e na pequena bailarina, é deslumbrante. Pensei que iria me incomodar com as fotografias imensas de Sofia Borges, mas, pelo contrário, elas iluminaram as mulheres belíssimas de Degas.

Publico aqui algumas fotografias que fiz porque poucas pessoas podem visitar o museu nessa época e, assim, mostro.

O Masp é o museu que mais gosto de todos os que já visitei no mundo. É porque foi o primeiro, tirando o museu da pesca e o museu do café, ambos em Santos. Minha mãe nos trouxe em um aniversário de meu pai, um domingo. Acho que ela estava de cor de rosa. Subimos a serra. Morávamos em Santos. Eu me lembro até hoje das meninas de Renoir, que revi várias vezes depois, e hoje também.

Já visitei o Masp em várias situações e encontrei o acervo de várias maneiras. Hoje estava tudo muito bem, achei.

Os cavaletes de Lina estavam lá segurando suas obras. O Masp é, além de tudo, um museu pequeno. Não é preciso ficar nele várias horas para ver o que se deseja.

A visita de hoje foi emocionante. Lembrei da primeira visita com minha mãe e vi mais uma vez a pequena bailarina. Tenho em casa uma miniatura que comprei em uma lojinha de museu, gosto muito.

E a vacinação começou no Brasil, o que tornou esse domingo também inesquecível.

Vi Gerard Depardieu no Théâtre Antoine

29 de janeiro de 2014

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Quando fui ao Théâtre Antoine assistir “Love Letters”, com Gerard Depardieu e Anouk Aimée, em Paris, não sabia quem tinha sido André Antoine.

Depois, pesquisando, descobri que ele criou o Théâtre Libre e foi um dos que impulsionou, modernizando, a cena teatral parisiense.

Seu palco proporcionou à cidade apresentações originalíssimas por volta de entre 1890 e 1990 (http://www.theatre-antoine.com/theatre/historique.html).

“Love Letters” é peça escrita por A.R. Gurney. Os atores leem cartas e reflexões de personagens. É como se fosse um romance epistolar. Ficam sentados e as cartas estão sobre a mesa. Às vezes, olham-se. Mas, basicamente, leem.

Anouk Aimée estava de vermelho. Gosto dessa atriz que já esteve em filmes de Fellini (“A doce vida”, “8 1/2”), e que contracena com Jean Louis Trintignant em “Um homem, uma mulher”, filme que me marcou bastante.

E Gerard Depardieu é um autor maravilhoso. Ele prende a atenção e fascina o público.

Eu não falo e não entendo bem o francês falado. Não sei se isso foi um problema ou não, na verdade.

Estando em Paris, pensei que era até um alívio não entender a língua, assim pude me concentrar só em ver.

Ver Paris, ver as pessoas andando, os doces maravilhosos nas vitrines, olhar mapas, placas com nomes de ruas, vistas panorâmicas, esculturas, monumentos, foi mais do que suficiente.

Se eu precisasse conversar, seria demais e talvez eu até me desencantasse.

Quando vou a um país em que falam inglês, acabo cansada porque quero entender tudo e às vezes isso não é possível.

No teatro, uma senhora me perguntou algo e eu respondi “Je ne parle pas français”, uma das frases que sei.

Ela me pediu desculpas e na hora nem pensei se ela não estaria achando estranho o fato de eu estar disposta a passar duas horas ouvindo leitura de cartas em uma língua que não compreendo.

Provavelmente, ela adora Gerard Depardieu e compartilhamos esse gosto.

No restaurante “Bel Canto”, cantava-se ópera entre as refeições e havia alguns discursos intermediários, também. Não entendi nada. Foi ótimo. Só comi, ouvi a música, brindei junto com eles.

Percebi que as preleções eram interessantes, porque eles riam. Cantaram parabéns a você para uns três aniversariantes e o clima estava ótimo.

Quando necessário, eu falava inglês e eles falavam inglês. Um dia, pedi para um senhor no museu tirar uma foto nossa e ele fez que não entendeu e fiz o sinal “tirar uma foto” com as mãos e ele ficou super feliz em atender.

E assim foi.

Percebo que a palavra, em alguns momentos, não é tão importante. Hoje as imagens e sensações são muito fortes na comunicação. Conseguimos entender o metrô a partir de mapas e, sabendo o que significa “sortie”, é possível sair dos lugares, o que pode ser melhor do que entrar.

No teatro, estive em uma plateia nada turística. Alegres e bem vestidas, as pessoas estavam desfrutando um momento bom. A senhora que indicou nosso lugar insistiu em algo que não compreendi absolutamente.

Ela queria que eu fizesse alguma coisa e eu não sabia o que era. Aí ela falou: “tip, tip”. E então me veio que eu precisava dar uma gorjeta a ela, o que não é comum, aqui no Brasil. E eu lhe dei umas moedas e ela achou bom. Aí reparei que todos já chegavam com suas bolsas de moedas preparadas e davam algumas para quem tinha orientado o caminho até os lugares marcados.

Encantada com Paris, fui ao Masp ver a exposição “Passagens por Paris” (http://masp.art.br).

As pinturas de Renoir que o Masp tem são lindas, as mais bonitas que já vi dele, na verdade. Uma das esculturas de bronze da bailarina de Degas está lá, também. Vi no Museu de Orsay e vi no Masp.

Há várias espalhadas por museus no mundo e a bailarina original, em cera, está em Washington.

“Love Letters” foi escrita por um escritor americano.

Por que será que não traduziram o título para o francês? Achei curioso esse respeito ao título da peça diante da densidade do francês que ouvi.

Era tão discursivo, musical, tradicional.

Talvez perfeito.