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Representações de Fabíola na Pinacoteca

22 de junho de 2013

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As imagens do mesmo rosto estão lá, na parede vermelha (depois de escrever olhei as fotografias e percebi que a parede é azul) .

Primeiro tive a impressão de que eram todas iguais, a mesma imagem da mesma moça (Santa Fabíola).

E fui ler as explicações.

fabíola
Descobri que as imagens correspondiam a retratos pintados por pessoas diferentes de uma mesma pintura, que se perdeu.

E o artista que concebeu a exposição (Francis Alÿs) recolheu essas imagens em lugares diferentes. E formou a coleção, que agora está na Pinacoteca, em São Paulo, e lá ficará até 7 de julho.

Fiquei um tempo na sala observando as muitas diferenças. Em um primeiro olhar, pareciam iguais. Depois, percebi que eram muito desiguais. Porém, cada pintor acreditou estar fazendo uma cópia, talvez até uma cópia fiel. A sua versão.

Ou, ainda, desenhou de memória.

Ou, ainda, quis representar.

Sua memória provavelmente trabalhou como a minha quando imaginei a parede vermelha da sala da exposição. Que era azul.

A grande questão é que a imagem original de Fabíola desapareceu. Perdeu-se a matriz. O parâmetro. E, assim, cada imagem ficou outra. Ainda assim, todas muito semelhantes.

Está escrito, na explicação na Pinacoteca, que o artista discute, também, autoria e originalidade. Eu, sinceramente, não sei se é só isso. Ele deve discutir, também, homogeneidade. A mesma devoção pela mesma santa. Devoções distintas.

Em um dos retratos, quase se podem ver os olhos do pintor refletindo a beleza.

beleza

É comum ouvirmos dizer que as ideias efetivamente originais, na verdade, são poucas. Nossas ideias são transformações de fragmentos de outras e, assim, tornamo-nos contemporâneos, eu acho.

Contemporâneos autênticos.

Se eu me fechasse por meses no quarto, sem assistir TV, ler jornal, ler facebook e internet em geral,
sem ler romance ou livro algum, acabaria escrevendo outro tipo de texto. Ou, quem sabe, eu não escrevesse de jeito nenhum.

Se tivesse uma caneta e cadernos, desenharia casinhas e árvores com maçãs, minhas primeiras expressões.

Diversas casas com jardins, caminhos até a porta de entrada, e muitas macieiras, infinitas macieiras.

E eu que não sei desenhar.

Torres García e Eliseu Vistonti na Pinacoteca

27 de fevereiro de 2012

Fui à Pinacoteca sábado ver a exposição do artista  uruguaio Joaquín Torres García. Em Montevideo,  havia ido ao museu e gostei demais.

Na Pinacoteca, estavam reunidas obras importantes que para mim, deslocadas de seu espaço, perderam um pouco o encanto.

É que o deslumbramento de ver Torres -García no Uruguai foi substituído por  curiosidade de saber mais para melhor compreender. Fiquei mais exigente, acho.

Porque aprofundar-se em Torres -García pode ser  difícil. É preciso estudar para compreender seus trabalhos no contexto de sua  particular visão de mundo e de si mesmo. E, por isso, ter o catálogo produzido para a exposição na Pitacoteca e para a que aconteceu em Porto Alegre na Fundação Iberê Camargo foi essencial.  O catálogo foi produzido por Alejandro Diaz e Jimena Perera, membros da direção do Museu Torres García.

Os trabalhos expostos na Pinacoteca apresentam  aspectos primitivos e básicos mesclados com sofisticações geométricas, deixando a impressão de que pode ser possível, para qualquer mortal,  exprimir  estranhamento diante do mundo em linhas, quaisquer linhas, escritas ou desenhadas. Porque Torres  García usa também  a palavra para complementar as colagens e desenhos. Suas capas de cadernos são lindas. Não sei por que, me lembrei da arte egípcia. Fiquei com vontade de produzir capas para meus cadernos.

Saindo da exposição, entrei na de Eliseu Visconti. Maravilhei-me.  Torres García me deu  sensação de que posso me expressar. Eliseu Visconti, não. Está totalmente separado de mim, seus trabalhos deslumbram, estão ali para serem absorvidos, admirados. Pude fotografar  (sem flash) e insiro algumas imagens  aqui.


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