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Jardim Alheio na Martins Fontes: Ricardo Lísias

23 de abril de 2013

Jardim Alheio é um grupo de crítica literária formado na Casa das Rosas, em São Paulo. Conheci no facebook e resolvi conferir um de seus encontros no auditório da Livraria Martins Fontes na Avenida Paulista.

O ciclo entre 22 de abril a 13 de maio é dedicado ao escritor  Ricardo Lísias.

O plano é o seguinte: no primeiro encontro, o escritor fala de sua formação, de seus textos, conta sua história. No seguinte, a equipe de Jardim Alheio fala sobre o escritor, sobre sua escrita.

Na outra semana, textos críticos são produzidos pelos participantes do ciclo e mostrados ao escritor. No último encontro, ele estará outra vez no auditório, falando sobre as críticas. Imagino que, nesse dia, todos estarão bem familiarizados com a literatura de Ricardo Lísias e ele falará de uma maneira diferente, também. Falará para pessoas que terão não apenas lido, mas escrito sobre seus livros.

A ideia do ciclo de críticas é ótima. Pena que não participei do ciclo sobre Frederico Barbosa.

Ricardo Lísias é um escritor que fala muito bem, com sinceridade e simpatia, sobre sua criação. Ele chega perto do ouvinte, estabelece  comunicação. Perguntado sobre seus autores preferidos, respondeu Machado, Joyce, Kafka, Graciliano, Guimarães Rosa. Ele lê muito.

Não tem medo de ler ou ouvir críticas: espera que as últimas palavras sejam sempre as penúltimas, nenhuma opinião é definitiva. Disse que comentar um livro sem ter lido é um absurdo (e é, mesmo).

Gosta de escrever textos mais curtos enquanto escreve os longos. Escreve, ou produz, ou produz e escreve, tudo junto, um jornal literário, Silva.

Espero estar nos próximos encontros, principalmente no último.

Quero ouvir o escritor falar outra vez.

Romance policial (1) Cadernos de Agatha Christie

22 de abril de 2013

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Hoje começo uma série de posts sobre romances policiais. Eles me interessam. Tenho lido bastante sobre. Gosto até mais de ler sobre os romances policiais do que ler os romances policiais. No fundo, todo romance tem estrutura parecida com a do romance policial. Só que ele é mais fácil de ser compreendido: o crime é o que precisa ser desvendado. O crime, aqui, é um fato preciso e determinado no tempo. Isso dá segurança ao leitor, que não tem trabalho de tentar entender o que o autor quer dizer. Mas e se, no romance policial, surge o inesperado? Outra indagação além da autoria do crime cometido? Deve ser possível fazer isso. Acho que Roberto Bolaño, em “Os detetives selvagens”, fez isso. Mas depois falo de Bolaño. Outro dia. Hoje falo de Agatha Christie. Lia muito. Tenho aqui comigo “Os diários secretos de Agatha Christie”, de John Curran (Leya, 2010). Esse livro é muito estranho. É estranho porque o autor comenta o tempo todo e é difícil separar o que ela escreveu do que ele escreve. Ela mesma não tinha muito método para as anotações.
Algumas curiosidades: 1)-Há 73 Cadernos de Agatha Christie conhecidos; 2)- Os Cadernos são numerados de arbitrariamente. A filha de Agatha Christie determinou numeração antes dela morrer, mas isso não foi feito de maneira cronológica; 3)- As anotações eram lembretes; 4)- Ela queria ser lembrada como boa autora de histórias policiais (respondeu isso em uma entrevista).
Também achei curioso: “Parte do prazer de estudar os cadernos está no fato de não se saber o que vai ser encontrado ao virar a página. A trama do último romance de Poirot pode ser interrompida por um poema escrito para o aniversário de Rosalind; uma página em que se lê, de forma otimista, “Coisas a fazer”, está espremida entre um romance de Miss Marple e uma peça teatral inconclusa” (p.63).
Alguns escritores fazem anotações minuciosas antes de escrever o livro. Outros, não. Parece que, para os escritores de romances policiais, as anotações prévias são muito importantes. Há um raciocínio a ser observado, a história não pode ser aleatória. O autor precisa conhecer o fim? Será que ele mesmo precisa saber quem praticou o crime desde o começo? Mas e a graça de escrever?