Em Bogotá, em uma daquelas surpresas que as viagens proporcionam, vi as fotografias de Sady González (1913-1979), repórter fotográfico colombiano. A exposição (curadoria Guillermo González e Margarita Carrillo) está na Biblioteca Luis Ángel Arango (http://www.banrepcultural.org/sady-gonzalez/), que fica bem em frente ao Museo Botero, no centro da cidade.
Sady Gonzalez e sua mulher Esperanza Uribe fundaram a Foto Sady, primeira empresa de jornalismo gráfico independente de Colômbia. No livro da exposição (Foto Sady: Recuerdos de la realidad) está que, quando se fala de Sady, fala-se de Esperanza, também, pois trabalhavam juntos. Ela anotava informações atrás de cada fotografia e sabia revelar os filmes.
Muitas das imagens mostram ternura, mas, outras, muita violência. As fotografias feitas na época do Bogotazo, período verdadeira guerra instalada na cidade depois de assassinado o líder político Jorge Eliécer Gaitán (1948), revelam tensão e terror em sua forma mais crua, sem retoques.
Embora essas sejam as imagens mais expressivas em termos de reportagem, não foram as que mais me encantaram. Gostei das tiradas nos anos 30, em que Sady foi contratado para fotografar pessoas para cédulas de identidade que haviam se tornado obrigatórias. Ficava por longos períodos nos lugares e retratava grupos, rotinas, deixando para o futuro imagens transcendentes.
Tive a impressão de que as pessoas, ao olharem para a câmera, falavam comigo, anos depois.