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Chopin, livro de Valerio Mazzuoli

17 de maio de 2020

Chopin: elementos de pianística e impressões sobre a vida e a obra, publicado em 2020 pela editora Letramento, Belo Horizonte), de Valerio Mazzuoli, é dividido em três partes.

A primeira trata da pianística chopiniana. A segunda traz impressões sobre a vida de Chopin (1810- 1849). E a terceira concentra cronologia da vida e da obra do grande músico. Há, ainda, última parte para o catálogo das obras.

O que mais me impressionou neste livro foi o texto o estilo elegante, leve, conciso, absolutamente bem sucedido ao sintetizar informações extensas sobre Chopin e sua obra.

Logo se descobre que a obra de Chopin gira só em torno do piano. Todas as notas são importantes, assim como as pausas. O pianista precisa estar muito concentrado na execução, sempre desgastante.

O pedal, a partir de Chopin, passou a permitir, no piano, o som do balanço das árvores, das ondas do mar. O piano teve, ainda, possibilidades ampliadas, recursos pianísticos antes não utilizados, como cantos-fantasma, elementos-surpresa, além ritmo diferente, como Mazurkas (peça em três tempos dançada em pares, o entrelaçamento formando figuras geométricas), ou Polonaises. Chopin nasceu na Polônia, viveu por muitos anos na França. Amava, também, a Polônia.

O relato sobre os estudos de Chopin (27 composições) é muito interessante. Chopin os preparou para que o executante pudesse vencer desafios, inclusive de resistência.

Não menos relevante é a parte sobre a vida de Chopin, seus amigos, seu amor por George Sand. Há uma fotografia belíssima tirada no estúdio fotográfico de Louis Auguste – Bisson em 1949. É a foto que inicia este texto.

Valerio Mazzuoli é jurista e pianista, mas, aqui, deve ser destacada sua dedicação à obra de Chopin. Este livro mostra que ele conhece profundamente aspectos técnicos do piano de Chopin, assim como sua vida. Ele transmite, ao leitor, o encanto que sente ao ouvir, tocar e estudar Chopin.

Ao final do livro está o catálogo integral da obra de Chopin e é possível, assim, ouvir Op. 32, Noturnos de 1836-1837, por exemplo, na ordem em que compostos.

Agora, por exemplo, interessei-me em ouvir Op. 28, 24 Prelúdios (1836-1839).

Procurei no Spotify e encontrei várias gravações, tendo escolhido a de Martha Argerich, pianista que adoro.

Este é um livro que vai me acompanhar quando ouvir Chopin, porque explica sem impor, sugerindo, com suavidade.

O podcast Procurando Dylan

1 de maio de 2020

 

Bob Dylan me acompanha desde que comecei a ouvir música. Ele muda, eu mudo, gosto de outros músicos, mas sempre dele, também. Acompanho tudo, tenho os álbuns, gosto da evolução da voz dele, das letras, dos livros, assisto aos documentários.

Comecei a escrever um livro sobre ele e até estou escrevendo, mas percebo que pode ser complicado. Os romances e os contos dependem só da minha imaginação e das pesquisas; o livro, não.

Bob Dylan  escreveu suas crônicas e eu escrevo minhas crônicas sobre o que eu penso dele, o que sinto e como entendo as músicas e letras. Posso entrelaçar com algum momento da minha vida.  Sinceramente, ainda não sei como fazer isso. Escrevo exercícios, mais erro que acerto.

Nesse tempo em casa fico em casa, trabalho em casa, hoje saí para dar uma volta na praça pela primeira vez,  penso em quem não tem casa, em quem está preso de verdade, em quem está em prisão superlotada, em quem está no hospital dentro daqueles escafandros que parecem roupas de astronauta (Leonardo da Vinci imaginou umas roupas assim, vi em uma exposição recente), penso que posso pegar esse coronga ou qualquer pessoa de quem gosto bastante e não quero pensar nisso, penso que nas guerras a sensação dos bombardeios devia ser pior, a sensação de iminência da morte que deveria haver todas as noites devia ser pior,  as pessoas se casavam antes dos homens partirem para o front, penso nessas coisas e estou aqui escrevendo nesse dia 1º de maio de 2020 no escritório da minha casa.

Acaba de sair o terceiro episódio do podcast que estou fazendo sobre Bob Dylan, esse podcast em que organizo as informações. Juliano edita e faz o som e Babette faz a arte. É um podcast em família. Coloco aqui o link pra vocês ouvirem. Está no You Tube e no Spotfy e estamos tentando colocar no Itunes, não sabemos ainda se vai dar certo.

É um podcast desse período em que estamos meio sozinhos, mas espero que continue,  cada vez tenho mais o que contar.

 

https://www.youtube.com/watch?v=EaKwctiq4G4