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Grupo de Leitura na Pauliceia Literaria: Diário da queda

28 de julho de 2013

Amanhã vou coordenar grupo de leitura na Pauliceia Literária, na Associação dos Advogados de São Paulo (www.pauliceialiteraria.com.br). O livro é Diário da queda, de Michel Laub (Companhia das Letras, 2011).
Antes de falar sobre o livro, é importante falar sobre o autor. Nada melhor que transcrever a apresentação que está em seu blog (michellaub.wordpress.com):
“Michel Laub nasceu em Porto Alegre, em 1973. Escritor e jornalista, foi editor-chefe da revista Bravo e coordenador de publicações e internet do Instituto Moreira Salles. Hoje é colunista da Folha de S.Paulo e da revista Vip, além de colaborar com diversas editoras e veículos. Publicou cinco romances, todos pela Companhia das Letras: Música Anterior (2001), Longe da água (2004, lançado também na Argentina), O segundo tempo (2006), O gato diz adeus (2009) e Diário da queda (2011), que teve os direitos vendidos para onze países e virará filme. Seu novo romance, A maçã envenenada, sairá em agosto de 2013. Recebeu os prêmios Bienal de Brasília (2012), Bravo Prime (2011) e Erico Verissimo (2001) e foi finalista dos prêmios Portugal Telecom (2005, 2007 e 2012), Zaffari&Bourbon (2005 e 2012), Jabuti (2007) e São Paulo de Literatura (2012). Também tem contos publicados em antologias no Brasil e no exterior. É um dos integrantes da edição Os melhores jovens escritores brasileiros, da revista inglesa Granta”.
 A leitura de Diário da queda suscita muitas reflexões e especifico, aqui, alguns pontos para debate:
1)- Crimes contra a humanidade (antissemitismo, banalidade do mal, Hannah Arendt, genocídio, Tribunal Internacional). Primo Levi: É isto um homem?;
2)- Discriminação;
3)- Adolescência. Construção da identidade;
4)- A festa de 13 anos de João, em que os convidados não o seguram depois de o lançarem ao ar na 13ª vez;
5)- Culpa individual pela queda de João, culpa coletiva. Confronto com a ideia de culpa que está também no livro Longe da água, de Michel Laub;
6)- Silêncio dos que sofreram presos nos campos de concentração e sobreviveram (memória);
7)- Identidade judaica. Identidade. Pertencimento.
8)- Pai com Alzheimer. Examinar junto com o filme argentino O filho da noiva, em que a mãe tem Alzheimer;
9)- A memória que se esvai com Alzheimer, o desejo de lembrar.
10)- Registros escritos do avô. Escrevia verbetes anódinos. O diário do pai, o diário do narrador. O diário para organizar, o diário da revolta, o diário da redenção, discurso ao filho;
11)- Estilo literário. Relação de causa e efeito entre os fatos da vida. Movimentos circulares no enredo e na construção dos parágrafos;
12)- Refletir sobre autobiografia, autoficção, ficção (J.M.Coetzee).
Textos também consultados:
-“O gosto de areia na boca- sobre Diário da queda”, de Michel Laub, por Stefania Chiarelli, em O futuro pelo retrovisor: Inquietudes da literatura brasileira contemporânea (organizado por Stefania Chiarelli, Giovanna Dealtry e Paloma Vidal, Rio de Janeiro, Rocco, 2013, p. 17-32).
-A arte de ler, ou como resistir à adversidade , Michèle Petit ( São Paulo, Editora 34, 2009).
-Autores e ideias, Mona Dorf (São Paulo, Saraiva, 2010, p. 191-196);
-Origens do totalitarismo, Hannah Arendt (São Paulo, Companhia das Letras, 1989).
-Entre nós: um escritor e seus colegas falam de trabalho, de Philip Roth ( Roth entrevista Primo Levi – São Paulo, Companhia das Letras, 2008, p. 9-26)
Biblioteca vertical, blog de Guilherme Sobota: http://bibliotecavertical.blogspot.com.br/2013/04/e-isto-um-homem-primo-levi.html
Em um grupo de leitura, tudo pode acontecer. Pode haver participantes que leram o livro diversas vezes, outros que leram uma só vez, os que leram mais ou menos, os que leram resenhas, os que não leram trecho algum, só ouviram falar, os que leram outros livros do autor, mas não o livro em questão.
A presença de todos é importante, assim como as contribuições, inclusive os silêncios. O diálogo sobre o livro, o diálogo com o próprio livro, o momento em que os interessados, reunidos, ouvem e falam e silenciam sobre os os temas da vida às quais o texto remete, são, sempre, memoráveis.
Gosto de participar de grupos de leitura.

Daniel Kehlmann, Michel Laub e tirashi no Sushi Guen

17 de abril de 2011

Estava achando chato Fama, de Daniel Kehlmann. Parei, li Longe da Água, de Michel Laub (Companhia das Letras, 2004) e resolvi dar outra chance ao livro (Fama, D. Kehlmann).

O romance  lida com a possibilidade de transformação e de alteridade. Todo mundo pensa em ser outra pessoa, em mudar de personalidade, de corpo, de mente, de amigos, de família. O tema é super atual; na biologia, na psicologia, na psicanálise, estuda-se o tanto que o cérebro e sua química são importantes para a formação da consciência  (livro não fala em química, eu é que fiz a associação).

A literatura reflete sobre a separação entre corpo e mente, entre tempo e espaço, todo o tempo. O  escritor nada mais faz do que entrar em mundos diversos e leva o leitor com ele, para o mundo imaginário de cada um (não necessariamente o mesmo).

Gosto do Sushi Guen da  Brigadeiro Luis Antonio na hora do almoço. Sento no balcão, como um tirashi, leio um livro. O livro do dia era Longe da Água. Fiquei totalmente envolvida com o texto e com o tom da escritura, leve, mas denso. Duvidei um pouco do jeito como terminou, destoou um pouco da naturalidade do caminho inicial. Poderia ter terminado antes, ou terminado de outro jeito. Mesmo assim, o livro é muito bom.