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Balada Literária em São Paulo

21 de novembro de 2009

Fui duas vezes à Livraria na Vila, na Balada Literária. Marcelino Freire está muito bem recebendo as pessoas. É discreto, faz os comunicados necessários, as perguntas pertinentes quando vem um vazio e, melhor que tudo, deixa os convidados falarem.

Estive em duas mesas. Uma delas foi presidida por Ivana Arruda Leite e a outra por Xico Sá. Na primeira eram convidados Marcelo Coelho, Heloísa Buarque de Hollanda e Noemi Jaffe. Na segunda, Reinaldo Moraes, Matthews Shirts e Mário Prata.

Ivana lembrou-se de ter dado seu primeiro livro para Marcelo Coelho ler e criticar e ficou esperando a crítica e veio uma sobre Marcelo Mirisola.    Foi engraçado ela ter contado isso na lata. Naomi disse que é rígida demais com ela mesma ao escrever ficção e Heloísa disse que gostaria de ter estudado arquitetura e que pensa sempre no plano do espaço.            Marcelo Coelho falou dos grupos (não foi bem essa a palavra, mas o sentido era esse), do pessoal que escreve, das pessoas convidadas a viajar e palestrar aqui e ali e que desse movimento também se vive, independentemente dos livros vendidos. A grande pergunta da tarde foi: teremos ainda um grande escritor que transgrida formas e conteúdos?       Há espaço para alguém como Guimarães Rosa?

A conversa entre Xico Sá, Mário Prata, Matthew Shirts e Reinaldo Moraes foi divertida demais. Como eles sempre foram muito amigos, havia uma intimidade, uma familiaridade, que passou para quem estava assistindo.      A plateia tinha fãs, pessoas que levaram livros antigos para autógrafos, que sabiam tudo o que eles tinham escrito, que acompanharam a escritura de  Os anjos de Badaró  na internet.

Mário Prata sabe ser engraçado,  contar histórias com as pausas e os silêncios que premeditam a risada. Fazia tempo que eu não ria assistindo alguma coisa. E foi legal eles (Reinaldo Moraes e Mário Prata) contarem como escreviam tramas de novelas, mostrando como a escritura pode ser livre e como as tramas da imaginação tornam-se quase reais, porque uma novela,  agora digo eu, é quase real. Não assisto novela faz muito tempo, mas vejo que quem assiste vive aqueles dramas todos como se fossem seus. E às vezes são, mesmo. E Mário Prata e  Matthew Shirts falaram das crônicas que escreveram, do tempo em que acompanharam a copa do mundo nos Estados unidos. E eles falaram sobre a formação do escritor, sobre como, nos Estados Unidos, os cursos de escrita são valorizados, sobre os conhecimentos gerais importantes para quem escreve, discutindo tudo isso em clima de prós e contras: o escritor deve ser formado e bem informado, mas o livro não pode ser chato.

E gostei quando a mocinha, na platéia, estudante de jornalismo que prepara trabalho sobre a crônica, perguntou se a crônica vale tanto para o livro como para o jornal.

A resposta foi mais ou menos assim: a crônica é para o jornal, é um escrito que capta um momento, um sopro que ninguém viu. Mas pode ser publicada, e o livro pode até vender, desde que as crônicas sejam disfarçadas.