Vi que o tema do baile do Copacabana Palace foi o Japão. Sabrina Sato estava de gueixa e vi a fantasia e achei bem pouco parecida com os kimonos de um livro que eu tenho.
Nunca fui ao Japão. Enquanto escrevia o romance “Viagem sentimental ao Japão” (Apicuri), pesquisei demais e tive muita vontade de ir. Agora passou um pouco, mas chego lá.
Mas ver o baile do Copa inspirado no Japão me deu saudades desse tempo. Ninguém precisa ir ao Japão pra colocar a máscara, criar um personagem, imaginar. Anette, a personagem do livro, trabalha em agência de viagem e conta aos clientes ter ido lugares que não visitou. Ela nunca viajou. As viagens dela são sentimentais.
E mais incrível ainda é acordar e ver que o tema do desfile da Rosas de Ouro em São Paulo agora de madrugada foi “Convivium, sente-se à mesa e saboreie”. Li que os banquetes a da história da humanidade estavam no desfile, desde o Egito.
Proust deu muita importância às refeições, aos chás em porcelana, aos faisões, aos ovos mexidos com toucinho. A comida ajudou a tecer o ambiente de seu grande romance. Hoje, ao se falar de alimentação, o ponto de vista é restritivo. Fala-se mais sobre não comer do que sobre comer. Ou se faz regime, ou se tem diabete ou colesterol, ou se é vegano, ou não sei mais. Mas mesmo assim, comer bem, com família e amigos, ainda é uma delícia.
Os dois últimos romances que escrevi, “Nove tiros em Chef Lidu” e “Feliz aniversário, Sílvia”, têm a alimentação no contexto menos proustiano: a dieta está no ar.
Agora cedo, na minha casa, bem longe dos bailes e dos desfiles e do Japão e dos banquetes, me sinto ligada ao meu tempo.
Meus temas estão no carnaval!
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