Quando a gente chega em uma cidade estrangeira, fica meio que patinando no gelo. Tenho uma sensação deslocamento nesse primeiro momento de trânsito. É uma bobagem essa instabilidade, as pessoas são todas muito parecidas em todo e qualquer lugar. O frio na barriga só diminui quando chego ao quarto do hotel e o quarto é bom. Quando eu uso o cartão de crédito pela primeira vez e ele funciona, também fico mais tranquila.
Em São Francisco, a impressão inicial foi boa, porque o aeroporto é bonito e já não precisávamos fazer alfândega, resolvida em Dallas. Em Dallas também passamos por revistas pessoais e de bagagem de mão antes embarcarmos. Eles são bem treinados e conduzem as coisas de um jeito muito prático, quando a gente menos espera já tirou sapato, passou pelo raio x e tudo bem. Alguns passam por aquele scanner de corpo, mas não todos. Eles selecionam por sexo, idade, estilo, eu acho. Eu não passei pelo scanner, ainda bem.
As lojas de aluguel de carro não ficam no mesmo setor, é preciso pegar um trenzinho para ir até lá. É um pouco chato isso, mas é rápido.
Estou mudando um pouco a ordem das coisas na narrativa, mas tudo bem. Tive vontade de falar sobre os primeiros estranhamentos em um país estrangeiro.
Em São Francisco fomos à City Lights (www.citylights.com), livraria e editora com lugar marcado no debate de ideias que, na década de 50, abriram espaço para a geração beat. Fica perto do Zoetrope. Lawrence Ferlinghetti e Peter D. Martins fundaram a livraria em 1953 e ela passou a ser ponto de encontro literário. A editora publicou Howl and other poems, de Allen Ginsberg. Ferlinghetti e o gerente da editora foram processados por publicarem material obsceno.
A livraria tem um andar meio que em um porão, um subsolo, onde ficam livros diversos. No andar em que se entra, térreo, estão livros sobre a cidade, movimento beat, geração beat, revistas especializadas em literatura, poesia. O espaço não é grande, mas tem muitos livros bacanas. O problema é que a gente precisa deixar a bolsa na entrada, com o menino que fica no balcão, e eles não têm armários com chaves, então é chato, não dá vontade de ficar um tempão lá com medo do furto de passaporte, bolsa, dinheiro, carteira. Mas mesmo preocupada consegui escolher alguns livros que parecem ser ótimos: 1)- White hand Society: The Psychodelic Partnership of Thimoty Leary and Allen Ginsberg; 2)- Bob Dylan in America; 3)- Reclaiming San Francisco: History, politics, culture.
Depois, ainda naquela tarde, fomos ao SFMOMA. Chegamos quase na hora de fechar, faltava uma hora e pouco, na verdade. Mas entramos assim mesmo. Só que me decepcionei, porque acabamos comprando ingresso para a exposição geral e não entramos na exposição com obras da Gertrude Stein (The Steins Collect: Matisse, Picasso and the Parisian Avant-Garde). Aí não vimos Picasso e outras maravilhas. Mas deu pra ver Andy Warhol. E na loja do museu comprei dois livros sobre escrita: Maps of imagination: the writer as a cartographer e The creativity book. O último dá muitas dicas para a escrita, entre elas uma biografia com 2.500 palavras.
Tags: Aeroporto de Dallas, Allen Ginsberg, Andy Warhol, City Lights, Lawrence Ferlinghetti, São Francisco
Deixe um comentário