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Viver com cães e gatos

28 de março de 2022

Faz tempo sei que escritores e gatos combinam. Vejo fotos de uns com os outros. Parece que gatos inspiram boas histórias.

Eu mesma tive meu primeiro gato aos 59 anos. Meus primeiros gatos, uma gata e um gato, Mafalda e Bambu.

Vieram da rua. Ou dos muros. Andavam em parques suspensos, pendurados em rodapés noturnos, acompanhando uma mãe atordoada que buscava alimentos abandonados por pessoas esquecidas ou generosas.

Um dia minha irmã deu um ponto final nessa missão. Ela chamou um caçador. Ele pegou a gata e os gatões, estafados. Ela cuidou, vacinou e fiquei com dois bebês e ela um. A mãe escapou e vive nos muros e visita ainda a filha gatinha.

Meus gatos são de apartamento. Mafalda acomoda-se no vaso de plantas da sacada e observa do alto o movimento do vento e dos pássaros. Penso se ainda espera pela mãe.

Agora eles têm Lola, minha querida cachorrinha cor de mel que se sente a dona da matilha, que protege todos e a mim também, mandatária de todas as mães, embora também ela criança.

Tina, ela sim mais velha, embora menor, não quer organizar espaços, só quer ficar sozinha e em paz no seu canto ou no nosso colo.

Bambu deita na minha barriga, no meu peito, e me olha, me olha. Ele se acha meu namorado. Meu irmão. Meu melhor amigo. Lola tem ciúmes, mas não ousa interferir na nossa relação.

Agora mesmo ele chegou. Empurra minha mão com sua carinha linda e firme. Amo todos de um jeito especial. Mas Tininha é a que escolhi em um fim de tarde muito triste, em que ela também estava triste, a última shi-tzu, a que sobrou, que se aninhou em meu peito quando pedi pra ver.

Tininha é muito altiva. Não se rebaixa, só passeia quando quer, só come quando quer, não faz nada contra a vontade. Não tem medo de nada. Ela confia na vida. Tolera Lola, tolera os gatos, gosta muito de mim.

Lola e Bambu ficam cada vez mais amigos. Ele se deita entre as pernas longas dela e ela deixa que ele descanse com jeito de mãe, ele é o bebê que não teve.

Mafalda chega junto na hora de dormir, no escuro ela se encosta em mim. Está aprendendo a receber carinho. Como gosto dela.

Não posso deixar de falar do Mobi, o meu cachorro. Dele só falo, meu cachorro, que era o que eu dizia quando ele chegava junto, e ele entendia.