Romance policial (3): Grupo de leitura na Pauliceia Literária – Em defesa de Jacob, de William Landay (Record)

Capa Em Defesa de Jacob V3 RB.ai

Em setembro acontece, em São Paulo, a Pauliceia Literária 2013 (www.pauliceialiteraria.com.br), realização da Associação dos Advogados de São Paulo com curadoria de Christina Baum.

A programação inclui prévios grupos de leitura sobre livros de escritores que participarão de mesas e debates. Estive na AASP ontem para o primeiro grupo de leitura.

Discutimos Em defesa de Jacob, do norte-americano William Landay (http://www.williamlanday.com).

A Pauliceia Literária é realização de importante associação de advogados e é natural que, no contexto, sejam debatidos romances policiais de diversos estilos. E a conversa em torno dessa literatura interessante e especial proporciona, evidentemente, reflexão sobre sistemas jurídicos de punição.

Há várias razões para se ler um bom romance policial. Renato Mezan, em artigo publicado na coletânea Escritas do desejo: crítica literária e psicanálise, “Por que lemos romances policiais?” (Ateliê Editorial, p. 127-158), discorre longamente sobre o assunto.

O prazer de ler o romance policial está na curiosidade, na participação do leitor em um jogo que transforma o crime em problema intelectual cuja resolução lida com medo e angústia sublimados na investigação.

Renato Mezan relata conclusões da psicanalista francesa Sophie de Mijolla-Mellor relacionadas ao estudo da obra de Agatha Christie: quem gosta do gênero sabe que a história é de ficção, mas ainda assim a leitura mexe com dúvidas latentes sobre sexo, vida e morte. Ele escreve: “Talvez resida aí o apelo mais forte do gênero: por meio do que propõe em cena, ele mobiliza elementos psíquicos há muito esquecidos, mas que nem por isso perderam sua eficácia dinâmica- e a arte do escritor nos permite desfrutar deles sem risco nem culpa” (p. 158).

Ontem, no grupo de leitura, muitos temas vieram à tona: relação entre pai e filho, entre marido e mulher, dinâmica familiar, relação entre autoridade que investiga e colegas de trabalho, entre autoridades e advogados, sistemas de punição brasileiro e norte-americano, importância da defesa no processo penal, comunicação em redes sociais, adolescência, bullying.

Tudo isso está no livro e foi debatido pelo grupo formado por coordenador competente – Leonardo Sica – e leitores sensíveis e atentos.

Há alguns anos atrás, advogados e agentes políticos da persecução penal falavam muito pouco com a sociedade. Quando o faziam, usavam conceitos técnicos complexos e nem sempre bem compreendidos. Hoje, a situação é bem diferente. As pessoas querem saber como são feitas as investigações e os julgamentos e querem dar sua opinião.

Ao realizar a Pauliceia Literária, a AASP integra literatura e direito, mundos diferentes, mas focados, ambos, na difícil arte de conviver.

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