Dia 30 de abril, domingo passado, no Satyros, na Vigília pela Liberdade, nosso Coletivo Martelinho de Ouro lançou o fanzine “50 anos daquele 64”. É o Martelinho 01. Outros virão.
O Coletivo, que já publicou o livro de contos “Achados e perdidos”, é formado por Concha Celestino, Cris Gonzalez, Deborah Dornellas, Eliana Castro, Fatima Oliveira, Flávia Helena, Gabriela Colombo, Gabriela Fonseca, Izilda Bichara, Lucimar Mutarelli, Paula Bajer Fernandes, Regina Junqueira, Silvia Camossa e Teresinha Theodoro.
Marcelino Freire sugeriu que escrevêssemos sobre liberdade e nós fizemos contos, textos, comentários. A publicação ficou linda e a diagramação, de Rodrigo Terra Vargas, ótima.
Os textos, alguns divertidos, outros mais tristes, mas todos muito ligados ao tema, estão maravilhosos. Não consigo deixar de pensar em superlativos para definir nosso fanzine. Logo lançaremos em formato digital, pela e-galáxia. Assim todo mundo pode ler.
Participei de uma mesa na Vigília pela Liberdade – ou melhor, de um sofá-, com as escritoras Beatriz Bracher e Ivanna Arruda Leite. Beatriz escreveu um livro sobre o período da repressão, “Não falei” (Editora 34). O personagem, Gustavo, professor, foi preso e torturado e, anos depois, precisa lidar com a memória para uma entrevista a uma escritora, que tem um personagem parecido com ele. Ele vai mudar de cidade, também, e lembra-se da relação com a mãe, o pai, a mulher, os irmãos, o trabalho. Super bonito o livro.
E nós falamos dos nossos livros, também, dos livros que escrevemos. Falei do meu “Viagem sentimental ao Japão” (Apicuri, 2013) e Ivanna falou de “Falo de mulher”. Nessa conversa, Marcelino perguntou o que é liberdade, se nós nos censuramos ou somos censuradas, qual a lembrança que temos da ditadura, mil coisas. Foi um diálogo meio profundo, filosófico, sincero. Fora que as pessoas que estavam ali com a gente eram todas muito legais, o Martelinho de Ouro estava em peso lá.
Depois, Marcelino convidou para a fala o escritor Marcelo Rubens Paiva (homenageado), o escritor Wilson Freire, o poeta Binho e a escritora Izilda Bichara. Izilda integra o Martelinho de Ouro. Publicou muitos contos e o romance Térreo (2012). A conversa, assim como a anterior, girou sobre o período negro da nossa história. Marcelo falou bastante sobre seu “Feliz ano velho”. Izilda também falou sobre nosso fanzine.
No fim de tudo, Wilson Freire lançou o livro “A única voz”. Editado pela Mariposa Cartonera, o livro é feito de um jeito artesanal, as capas são de cartões bem grossos e cada capa é pintada – uma cor diferente para cada exemplar. A edição é numerada e assinada. O tema também é 64.
Acho que a escrita é solitária, o escritor é mesmo um cara sofrido.
Marcelino Freire escreveu, no seu romance “Nossos ossos” (Record, 2013): “um autor só é autor, digamos, quando é vítima de um crime, de um atentado, um desprezo, um exílio, um corte, um esquecimento”.
É isso. Mas, por outro lado, a literatura proporciona encontros e conexões e o vazio acaba preenchido, de um jeito ou de outro.
Pelo menos por um tempo.
Tags: 50 anos daquele 64, Beatriz Bracher, Binho, Ivanna Arruda Leite, Izilda Bichara, Marcelino Freire, Marcelo Rubens Paiva, Martelinho de Ouro, Vigília pela Liberdade, Wilson Freire
4 de abril de 2014 às 6:54 |
Ah, que post mais lindo, Paula. Fiquei emocionada. Juro. Especialmente com o final, que fala dessa dor do escritor. Adoro o jeito como você escreve. à claro, sincero, e sempre me faz muito bem ler você. Sou super fã do Lolita. Sou super sua fã. Obrigada pelo carinho e por sua amizade. A cada dia gosto mais e mais de você. Beijos, Izilda
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4 de abril de 2014 às 6:56 |
Eu também sou sua super fã, que legal que vc gostou, é nosso post. Beijos
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