Este livro, publicado no Brasil pela Companhia das Letras em 2003, é constituído por ensaios sobre história natural. O livro fica na estante atrás do computador e eu olho pra ele sempre que quero encontrar alguma coisa diferente nessa prateleira que guarda assuntos diversos que estimulam o meu pensamento.
Gosto dos naturalistas, pesquisadores pacientes e minuciosos. Gostaria de ter método para as análises e observações científicas, mas sou generalista e tenho compulsão pela síntese. Aprendi a fazer resumos na escola e sempre tenho a tentação de falar muito em pouca escrita. Às vezes dá certo e às vezes não.
Na introdução, o autor explica: “Na maioria dos casos, não descrevo observações inéditas, mas, antes, tento colocar informações pouco familiares (ou mesmo bem conhecidas) num contexto novo, justapondo-as a outros assuntos com os quais antes elas não eram relacionadas – sempre com o objetivo de iluminar uma questão geral sobre a prática da ciência, a estrutura da natureza ou a construção do conhecimento” (p. 19).
O exercício de deslocar as informações de seu contexto habitual e misturá-las em raciocínios destinados a descobertas diversas é difícil, mas valioso. Pensamos em compartimentos e os limites são obstáculos a ideias novas.
O ensaio sobre a arte nas cavernas (Contra a parede, p. 197) analisa cronologia das pinturas encontradas, apontando dificuldades nas datações. E ele fala do deslumbramento ao ver pinturas feitas por homens que viveram há 30.000 anos atrás, pessoas como nós, ele diz. E continua: “Em outras palavras, não é o caso de pensarmos no Paleolítico como um período de antigo primitivismo, mas como um momento de vigorosa juventude para a nossa espécie (ao passo que hoje em dia representamos provavelmente a sua respeitável velhice)” (p. 217).
Essa admiração pelo começo senti quando vi pinturas rupestres na Serra das Paridas, na Chapada Diamantina (já relatei esse encontro neste espaço). Os desenhos de mulheres parindo me emocionaram (insiro fotografia ao terminar o post). E as figuras ainda não foram datadas, não sei em que fase estão os estudos.
Há muitos outros textos no livro, que misturam arte, biologia, literatura. Jay Gould fala de Darwin, Da Vinci, evolução, história e, em síntese, fala sobre a humanidade.
Tags: A montanha de moluscos de Leonardo da Vinci, biologia, ciência, Letras, Stephen Jay Gould
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